Capacitismo

Capacitismo

Que bom que o termo capacitismo está em alta, pois isso quer dizer que a sociedade está discutindo e se posicionando a respeito de temas como acessibilidade, inclusão e diversidade. E o mais interessante é que essa movimentação está acontecendo em várias áreas e impactando fortemente as crianças e os jovens, que já apresentam um novo olhar para essas questões.

O que é capacitismo, afinal?

Trata-se do preconceito e da discriminação que a pessoa com deficiência sofre ao ser classificada como incapaz ou inferior, podendo acontecer através de atitudes ou expressões inadequadas, termos ofensivos, olhares de julgamento, invasão de privacidade, ausência de pessoas com deficiência em diversos segmentos e ambientes sociais, entre outras.

O capacitismo pode ser relacionado às pessoas com deficiência assim como o machismo está para as mulheres ou o racismo para negros, ou seja, mais uma forma, dentre tantas outras, de opressão aos que não estão dentro de um “padrão” preestabelecido por sociedades atrasadas, preconceituosas e até criminosas.

Expressões capacitistas

Assim como existe um movimento para que algumas palavras racistas sejam abolidas do nosso dia a dia, justamente pela naturalização do racismo estrutural que carregamos por séculos no Brasil, algumas frases e expressões capacitistas ainda bem corriqueiras, também devem ser eliminadas de uma vez por todas, confira alguns exemplos:

  1. “Dar uma de João sem braço”: querendo dizer que a pessoa é preguiçosa, foge de suas responsabilidades ou se fez de desentendida. A ausência de um membro não deve ser associada a comportamentos negativos;
  2. “Dar uma mancada”: quando alguém comete um erro, uma gafe ou faltou com um compromisso. Mancar não deve ser sinônimo para essas atitudes;
  3. “Fingir demência”: citar a demência, uma perda cognitiva degenerativa, para exemplificar desentendimento, é, no mínimo, inadequado;
  4. “Exemplo de superação”: no geral, as pessoas com deficiência detestam esse tipo de comentário, simplesmente porque eles não se consideram heróis por realizarem suas atividades cotidianas, apesar de todas as dificuldades encontradas;
  5. “Pessoa normal”: a pessoa com deficiência também é uma pessoa normal, ela tem uma deficiência e também não deve ser chamada apenas de deficiente;
  6. “Nem parece que você é…”: frase muito usada por aqueles que acreditam estar fazendo um elogio ao dizerem que uma pessoa não aparenta ter uma deficiência (serve para todas). A deficiência, apesar de quaisquer limitações, faz parte do indivíduo e não precisa ser camuflada.

Perguntas indiscretas, por pura curiosidade, também não são bem-vindas, como querer saber a razão da deficiência, por exemplo. Jamais pergunte “se foi acidente”, “doença” ou se a pessoa “já nasceu assim”.

Mudança de hábitos

Usar termos relacionados à deficiências para descrever comportamentos indesejados é ofensivo e reforça estigmas. Trata-se de uma reconstrução diária, principalmente por parte das gerações mais antigas, que conviveram com essa linguagem por décadas como se fosse inofensiva, mas que, felizmente, hoje é reconhecida como imprópria e cruel.

Você sabe como se referir às pessoas com alguma deficiência?
Confira o Dicionário da Inclusão, uma lista dos termos mais apropriados para se referir às pessoas com deficiência, bem como de itens relacionados à temática da inclusão, e a ideia é que esse conhecimento seja cada vez mais difundido, proporcionando dignidade, igualdade de tratamento e oportunidades a esse grupo tão diverso.